Não tem nada a ver com comida

_ Deyse, é como uma dieta. Tu sabe que tem uma torta na geladeira. Sabe que se for lá e abrir a geladeira, vai querer um pedaço da torta. Mas tu continua indo lá. Todo dia tu abre a geladeira e dá uma olhada nela, sente o cheiro dela, deseja ela. Em algum momento, tu vai comer um pedaço e vai engordar! Se tu continuar vendo essa torta, será inevitável...

E lá fui eu em direção à torta. Eu fiz questão de parar pra ouvi-la melhor. Ela tava me chamando.
Tá. Eu também a chamei. Mas ela chamou mais alto. Meus ouvidos são mais sensíveis à ela do que os dela a mim.

O fato é que eu abri a geladeira. E ela tava lá. Linda. Com uma aparência convidativa. E sorrindo, a safada. Cheguei perto dela. Senti o cheiro. Hmmm. Deu água na boca, pulo no estômago e fraco nos joelhos. Mas aí, não! minha dieta!, pensei eu. E fiquei lá, só olhando, como sempre. Falando com a torta. Ela sempre soube como me deixar com um sorriso idiota na cara. E mais gorda, é claro.

Nós ficamos bem juntas, a torta e eu. Se você olhar de longe, somos cores complementares. E, se ouvir de perto, falamos a mesma língua. Eu tava nervosa de ficar ali tão perto e a torta nervosa por se permitir a curta distância. Dessa vez eu não engordei. Olhei pra ela, ela me olhou. Ficamos nessa. Uma tortura.

A proximidade era vilã da minha dieta, mas o que eu podia fazer? É minha torta favorita!

P.S. Se a vida te der limões, faça uma limonada. Eu farei uma torta.