quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Efêmero

As músicas têm falando muito melhor que eu. Continuo ouvindo-as tantas e tantas vezes até enjoar, só que não enjôo. Nunca consigo realmente enjoar de uma música que amo. Assim como não consigo fazer "isso" ir embora. E, nesse caso, é cansativo ver uma coisa temporal ser tão permanente. Acho mais fácil lidar com músicas, que não preciso pôr pra dormir e não têm data de validade. O tempo não passa pra elas, e eu prefiro que seja assim. O que eu queria - de verdade - envelhecer e fazer dormir era "isso". Olha, (e eu só escrevo olha quando já estou exausta) esse amor durou o exato tempo de vida das rosas que você nunca me trouxe. (Não durou nada e coube numa história longa demais.) Não que eu goste de flores - eu nem gosto. Mas teria sido mais reconfortante ter ganhado um presente que me adiantasse um pouco do que seria esse amor falido. E com as desculpas de quem gosta de flores, prefiro cartões. (Acho que a real alegria de uma mulher ao receber flores reside naquelas linhas. E quando não há linha alguma, a inveja dos olhares em volta, que ameniza a falta do cartão, mas não é suficiente.) Enquanto durou, as palavras escritas se fixaram. Você não esquece o que ouve. Eu gravo o que leio. São coisas que vão fazer parte da minha memória até ela finalmente se tornar velha nostalgia. (Na verdade, dizem que amor não é efêmero, não passa, só adormece. E se isso é certo, de tão cansado, "isso" já deveria estar dormindo há meses.)
E a essa altura dos meus dias, não tenho mais tempo pra efemeridades como flores e amores.

3 comentários:

thali* disse...

Pegue toda a sua honra desperdiçada
Todas as pequenas frustrações passadas
Pegue todos os seus "chamados" problemas
E coloque-os entre parênteses.
E depois diga o que você precisa dizer com o coração aberto.
Não tenha medo de continuar.

Evelyn Dias disse...

Nossa, texto perfeito. Concordo com você florzinha.
Grande beijo! :*

Mima disse...

Você é tão eu...

Saudades...