sábado, 14 de maio de 2011

Medo de voar


Nunca sonhei que podia voar. No máximo eu tive aqueles sonhos em que você se vê do alto, vivendo o sonho como se fosse um filme. Mas sonhar que voava, nunca. Talvez porque altura me dá frios na barriga. Descobri esses dias, quando olhei pra baixo.

Sim. Olhei de cima, do meu vôo alto e sossegado. Daqui das nuvens, vi o chão lá embaixo, onde não se pode ter medo de altura. Olhando assim, pareceu meio confortável não ir tão alto, ficar com os joelhos firmes, não ter tantas borboletas no estômago... Ter a certeza de que não vai machucar muito se eu cair.

Só que lá pelo meio do devaneio, cai na besteira de olhar pro lado. Todo mundo sabe que se deve pôr a cabeça entre os joelhos em momentos turbulentos. Mas a gente sempre olha pro lado, como se a pessoa ali fosse salvar sua vida. Foi o que eu fiz. Encarei aquele rosto de menino. Olhei bem olhado naqueles olhos de sono, naquela ruga no nariz cujo efeito só Frank Sinatra consegue descrever bem, e naquele sorriso lindo que me mata de raiva se sorri quando to brigando. E senti um pedaço de paz, que foi crescendo até me pegar no colo.

Impossível não virar criança de novo. Perco a noção do perigo e só quero subir mais uns 3 mil pés. Nada de descer, nada de ir mais devagar. Eu não. E, de repente, nenhum sonho poderia me deixar mais tranquila do que o de voar. Com ele. Ali. Bem alto. E indo mais alto ainda. Como diria Renato Russo, “apenas começamos”.


"Quando você me olha, amor
Quando você me abraça
Eu sinto a paz de um sonho bom (...)
Eu perco o medo de voar"
[Nádia Santolli]

4 comentários:

Taty N.S. disse...

Sempre sonho em voar, não sei, um sentimento de leveza me sufoca, e me imagino liberta disso...
Aforei o texto...
bom final de semana pra ti...
Beijos!

Laís Araújo disse...

Que lindo o TEXTO!É voar e tem alguém para nos aparar caso agente caia!

beijos

Jairo Felipe disse...

nusss... inefavelmente fodástico! =D
;**

Lia Araújo disse...

Ah... o que são alguns possíveis arranhões quando se teve a sensação dos ares, eim?
Ah Deyse, se joga e reza pra que o chão nunca chegue.
" a fé não costuma faiá"
bjo.