sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Querido João

Eu tava aqui olhando pro marca página que tu me deu há quase 1 ano no jantar de jovens da igreja, no amigo oculto de última hora. Lembro que tu era um convidado dos convidados e eu nunca tinha te visto antes. E de lá pra cá, nunca mais te vi. Não sei se cantaram a pedra pra ti ou tu é assim tão observador pra perceber que eu não sou uma pessoa que sorri o tempo todo. Mas, João, tu falou certinho oh! (Até pensei em fazer um texto te xingando, pra tu ir cuidar da tua vida, mas tu não tem culpa da minha cara de buldogue.) E, por mais que tu nunca vá ler isso ou talvez nem lembre de mim, sinto como se te devesse uma retrospectiva de sorrisos desse ano.

Hoje eu vejo o quanto os primeiros meses de 2010 passaram rápido. Não consigo lembrar de nada que tenha me feito sorrir bem grande, além das coisas que sempre fizeram. Eu tinha todos os que amava por perto: minha família, meus amigos de sempre e umas borboletas sempre tranqüilas no estômago, que dançavam felizes “para sempre”.

Mas, francamente, se estamos falando de sorrisos, não quero falar muito de maio. Exceto pelas amizades mais fortes com que ele me presenteou, maio só me trouxe sorrisos embaçados pra disfarçar choro. (Tu já perdeu amor alguma vez, João?) Mas foi quando eu surpreendi amigos, família e a mim mesma, sendo mais forte do que a gente esperava.

Minha memória começa a desborrar só a partir do mês de junho, sabe, quando eu mesma fazia piadas (que ainda faço) da minha “perda”. Eu tava numa maré aparentemente ruim, mas sabia lidar com ela, transformá-la em sorrisos menos desbotados. Meu sorriso era mais freqüente, mesmo tímido.

Agosto começou esquisito esse ano. Minha mãe foi fazer uns exames fora do estado e meu pai foi com ela. Lá pelo dia 21, meu aniversário, eles ainda não tinham voltado. Pela primeira vez na vida, eu senti uma saudade doída dos meus pais. Eu tava voltando a ser criança sem querer. A adolescente que morava aqui dentro e às vezes amava os pais meio de longe, agora pedia pra olhá-los de perto. Mas assim mesmo, ganhei muitos presentes de aniversário. Entre eles, uma noite de sorrisos e risadas com minhas meninas, amigas/irmãs.

O que vou te falar de setembro, João? Viajei pra junto da minha mãe, passei uns dias com ela, fazendo ela rir o quanto podia, abraçando ela o quanto podia, tentando segurá-la quando vinha alguma lágrima. E, por incrível que pareça, cara, eu é que precisava de cura ali. Minha mãe ama e confia num Deus fiel. Ela ora muito mais do que qualquer mulher que eu conheça. Não é surpresa ela, mesmo com câncer, parecer sempre mais forte que eu. A mulher mais forte do mundo. E eu vejo Deus nela. Isso é motivo de sobra pra eu sorrir.

Em setembro eu sorri muito. Sorri grande e ainda sorrio de lembrar. Dentre tantos outros motivos, o sorriso que me fez sorrir era tão lindo. (Amores nada a ver e de surpresa são os mais doces, João!) Alguma coisa que eu queria que dormisse pra sempre acabou acordando. Aí setembro me fez um carinho: falei de amor sem doer. Acho que em setembro eu tive um vislumbre do que é amar do jeito certo. Sem vilões, nem mocinhos. Até desacostumei da dor.

Outubro até que passou calmo. Novembro começou vazio. Por dentro. Ao redor. (Hanram, lá vou eu outra vez!) Como é que se desama ele, João? Aquele que quando eu falo “ele” aos meus amigos, eles já sabem quem esse “ele” é... Nossas almas são tão parecidas, nossas vidas tão desiguais. Mas eu só queria guardá-lo (em tons de sépia...). Porque quando eu o olhava, sabia que era amor. Diferente. Mas amor. Eros, filos e ágape. Eros um dia acaba. Filos e ágape é que duram. Acho que aprendi a olhar pra ele com os olhos de Deus. (Não tenta entender o que nem eu mesma entendo.) Passei dezembro trancando aqui dentro um sorriso que só solto quando penso nele. Precisa ver, João! É um sorriso meio abestado.

Dezembro foi o mês mais ansioso do ano, com tanta coisa a fazer. Foi o mês de sentir mais saudade, João. Mas também foi de chorar de alegria, ao ver minha mãe em casa outra vez. Sobretudo, foi o mês de pensar no que aprendi em 2010. E isso daria outro texto. Mas como é pra falar de sorrisos, digo que aprendi a sorrir diferente, a sorrir maior e mais desprendido. Aprendi a sorrir com paz e mais fé. E em 2011 pretendo aprender mais ainda. Aprender a lidar com as tempestades com graça e um sorriso mais freqüente no rosto. Como em uma frase, muito sábia por sinal, de Ed René Kivitz: “Olho bem dentro dos olhos da morte e faço cara de ressurreição”. Pra virar gente grande a gente tem que enfrentar muitos monstros de armário, João. E os que eu não tiver encarado em 2010, vou encarar em 2011. Com as bênçãos de Deus, certamente. E sorrindo, eu espero.



Feliz Ano Novo, João.

Um abraço.


P.S. As bênçãos de Deus estão implícitas. Nas linhas e entrelinhas. Acho que você notou, como bom observador que é. ;)

8 comentários:

Raphael Dimitri disse...

Lindo!

Que 2011 seja mais abençoado!

Anônimo disse...

Ei, rapáe! "uma noite de sorrisos e risadas com minhas meninas, amigas/irmãs, é? Beleeza! Esqueceu do parabéns da Xuxa, de mim, do @FFPfreitas... blz blz! haha

Aaah, John John, ela esqueceu do meu aniversário, do meu aniversário ela se esqueceu.

Alexandre Noronha

Rayssa Natani disse...

Tá, preciso te dizer que eu quase chorei com seu texto. Não chorei porque, acho que em 2010 desaprendi a chorar. Mas isso é uma outra conversa. Conversa essa que será tema do meu próximo texto. Você me inspirou. Obrigada, precisava disso. Adoro você, Deysinha. E se você pouco sorri, sei que teu sorriso é muito mais raro e sincero. Feliz 2011 (com muitos sorrisos abertos).

Lia Araújo disse...

Deyse, que retrospectiva, eim? Doeu-me o peito umas coisas aqui... mas, no geral foi muito bonito e verdadeiro... Tentei escrever uma retrospectiva, mas não deu... infelizmente não deu...

Que teu 2011 tenha inumeráveis sorrisos ( bobos ou meio-abestados, não importa)! Desejo as coisas mais bonitas pra ti...


Comecei te ler em junho, não entendi muita coisa, esse texto foi esclarecedor em muitos aspectos... mas, te digo, foi bom te ler esse tempo! Em 2011 continuo na sua caixinha....

Um abraço enorme em ti
( mesmo que não tenhamos o mesmo sobrenome haha, vi isso no twitter)

Fabiano Passos disse...

muito bom adorei o texto.. 2010 tbm foi o ano que nos aproximou e me fez perceber q amigos são essenciais na nossa vida...to aprendendo a dar mais valor a quem gosta de mim..apesar d não conseguir muitas vezes exteriorizar o que sinto...mas d uma coisa pode ter certeza.. I Love You Oceanooomeo

Cinthia disse...

.' o melhor que eu já li ( talvez eu sempre diga isso..), mas foi como se estivesse também sentindo a mesma emoção, e não houve desvaneio, exagero, nem entrelinhas, explícito, talvez um pouco implícito, meramente resumido... senti um sorriso aparecer, fiquei séria por alguns instantes, mas no final deu ar de um novo começo...

ao meu tpL que tanto gosto.

com amor tplindão

Otis Keener disse...

Texto nota 10!
-Eu não quero 10, eu quero 5.
Mas pq não?
-Pq os outros 5 eu vou dar pro João.
(piadinha infame mas q eu não podia deixar passar rsrsrsr)
sem stress ^^ só brincadeirinha!

Agora sério.
Apesar de 2010 ter sido o ano que nós mais nos afastamos e menos conversamos, eu ainda acho que te conheço muito bem, a julgar por esse texto. E apesar de eu não ter estado com vc nesses acontecimentos, se vc ainda me conhece sabe como eu fiquei e o que eu pensei a respeito.
Apesar de não acreditar, ainda te amo como irmã, e estou muito feliz pela tia estar de volta, e espero que ela melhore mais e mais.

;) see you around. stay tuned.

Jairo Felipe disse...

Vitamina D, gostei do comentário da Raíssa, faço das palavras dela minhas tbm... seu sorriso é mto mais raro e sincero, eu ainda n o vi, mas tenho certeza q verei pelo corredor da UFAC! Ler seus texto é sempre inspirador! Vc é mto fera xD ;*