sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Nasci ontem

                                       
Não exatamente ontem. Mas em outro dia 21 de agosto, alguns anos atrás. Aniversários são datas meio narcisistas pra se escrever sobre, mas hoje eu pretendo vestir minha carapuça egocentrista. A verdade é que, apesar de eu começar a me incomodar com o número de vinte-e-um-de-agostos que já passaram por mim, também estou de olhos bem abertos pra perceber como foi bom ter chegado aos vinte e ... poucos.
Não, eu não nasci ontem. Se eu tivesse nascido ontem, eu ainda não saberia o que são verdadeiras amizades, os que longe que se desdobram pra continuar em contato, os de perto que após anos e anos de Deyse, não se sabe como, permanecem firmes ao juramento silencioso de amor que “invadirá as portas da eternidade”.
Se eu tivesse nascido ontem, ainda não entenderia o que é viver cercada de amor incondicional. Tive que passar por vários vinte-e-um-de-agostos pra me tornar consciente da voz da Mammy Jan e do Babu, me acalentando, me corrigindo, me contando histórias da Bíblia, cantando pra eu dormir a canção de ninar preferida deles. A mesma canção que hoje minha mãe e eu cantamos pra Victoria – neta e sobrinha. Alguns anos foram necessários pra que eu entendesse quão abençoada eu sou por ter uma irmã como a Nana – não simplesmente por ela ser tão importante pra mim quanto uma perna, mas também por ela ser uma pessoa tão bonita, irritantemente altruísta e ajudadora. E por sermos tão opostas quanto a noite e o dia é que “eu carrego seu coração comigo, eu o carrego no meu coração”.
Se tivesse nascido ontem também não conheceria esse amor tão grande que tenho por minha sobrinha, uma criatura de Deus que ainda não tem 1 metro de altura e não sabe nem falar direito, mas, em momentos raros e de amor total, faz meu coração derreter dizendo “eu tinhamo”.
Só depois de muitos aniversários vim saber quem seria o amor da minha vida. E amar não tem muito a ver com aqueles amores de adolescente, que são “pra vida toda” e na real só duram uma semana. É uma coisa tão mais tranquila e pé no chão, e ainda assim com sorrisos bestas e aquele romantismo bem brega de ficar escrevendo pra pessoa. Faz tão bem! E como seria a minha vida sem o Alexandre? Prefiro não saber. Vão se passar muitos e muitos anos e ainda seremos aquele casal de melhores (bem mais que) amigos. Nossa, como somos chatos!
Se eu fosse falar de todo o amor que tenho acumulado nesses anos, só o amor de Deus por mim já seria capaz de preencher inúmeros textos. Esse amor imutável, responsável por todas as coisas incríveis que aconteceram até aqui, e as pessoas maravilhosas que já conheci. O Senhor é que se compadece de mim todos os dias e me dá a paz. Em todo tempo, ele me cuida. Mesmo quando eu erro, ele me ama. E quando eu chamo, ele me ouve. Dá pra entender?
Sabe, eu não nasci ontem... Sei que ainda não vivi o máximo, não cresci o suficiente. Na verdade, ainda me sinto muito bebê, engatinhando pra uma fase melhor a cada dia que passa. Imatura muitas vezes, mas certa de que, com um pouquinho mais de coragem, posso dar esses passos que vão me levar pra um lugar incrível que eu ainda não conheço. E se meu futuro repetir a felicidade e a alegria desses anos que já vivi, eu posso esperar por coisas grandiosas.

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