terça-feira, 15 de maio de 2012

Nariz de batata

Hoje é dia 14? Sim. Tá bom. Uma segunda-feira como outra qualquer. Só que não. Essa segunda-feira ficou marcada como o dia em que eu estava me olhando no espelho e percebi que não faço teu tipo. O ruim de saber muito de ti é isso: eu sei demais. E também acabei me dando conta hoje, do nada, que não sou extremamente branca, nem daquele tipo de morena que tu gosta, nem loira e alta. Não sou magra e delicada. Não sou nada exótica, não chamo atenção. Eu não escuto aquelas músicas que tu vive dizendo que são tão boas, nem assisto aqueles filmes que a gente precisa ver várias vezes para, enfim, começar a acompanhar o raciocínio da história. Não gosto de um monte de coisas que tu gosta, apesar das nossas muitas semelhanças. Além disso, tenho um nariz de batata do qual, recentemente descobri, tu não é muito fã. Lástima.
Não que eu vá me agarrar a esses ínfimos detalhes que diferenciam a gente. Não. Mas hoje, nessa segunda-feira inconveniente, me peguei pensando nas outras. Aquelas que fazem teu tipo. E eu me flagrei sentindo uma raiva especial por todas elas. Cada uma com sua singularidade, as que te conhecem ou não, as que te amam ou não, as que já marcaram tua vida ou não. Guardei uma raiva especial para as loiras ou muito brancas, outra para as esguias, outra para aquelas que tem o gosto musical estranho como o teu. Outra raiva para aquelas que cantam bem, outra para as muito inteligentes, outra para as que te escrevem coisas bonitas. Mais uma raiva para aquelas que mal te conhecem e já te amam fácil. Ah, essas são as piores!
Tudo isso pelo simples fato de que, quando se trata de ti, eu sou muito mais egoísta do que o normal. Não gosto que nenhuma outra seja páreo pra mim, que nenhuma se compare, nem diga que te ama ou te adora ou te admira. Não que tu não seja amável, adorável, admirável. É que elas, nenhuma delas, jamais te conhecerá nos níveis e ângulos que eu conheço. Nem as que fazem o teu tipo, nem a mais perfeita, nem aquela que tu algum dia venha a idealizar. Nenhuminha vai ser igual a essa trouxa de nariz de batata, neurótica e possessiva, que te conhece os defeitos, e te adora por e apesar deles.

Escrito ontem. Taí uma verdade que eu não gosto de admitir. Mas depois da meia noite, já não controlo as palavras direito.

4 comentários:

Rayssa Natani disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Lia Araújo disse...

Você é linda por fora. E suspeito (pelo o que eu li até aqui) que por dentro também!
E atráves de ti, Jesus clareia, né?
Não tem mesmo competição.

Abraços, Deyse!

Nane disse...

"Guardei uma raiva especial para as loiras..." Então entra pra fila bem! kkkkkkkkkkkkkkkk Amore, ótimo texto, como sempre. Eu amo esse seu nariz de batata, sempre amarei!! Beijos

Nanapocket disse...

Adorei o texto. Acho que pessoas que tem o nariz de batata são gente boa. Gostei também do fato de você escrever à noite. 2 coincidências :)