quinta-feira, 10 de junho de 2010

Boa noite a todos (e a todas)

Num sei se você já sentiu isso, mas sabe quando você percebe que uma pessoa pensa que você tem baixa auto-estima? Você tá feliz da vida e a pessoa te olha com pena, como se você fosse um pobre coitado que nunca estará bem consigo mesmo... Foi assim que eu me senti hoje.
Estava eu, Deyse, no (respira) Seminário Estadual de Divulgação do 4º Relatório Nacional de Acompanhamento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, para o qual eu resolvi ir por pura curiosidade, em outras palavras, mandada pelo meu chefe. Mas eu realmente achei que poderia ser interessante, então estava disposta a ouvir. Só que eu me perdi no meio do caminho (que frase poética!), quando as pessoas que faziam uso da palavra começaram a dar "Bom dia a todos e a todas". Tenho que dizer que eu tinha espasmos involuntários (sério. muito sério!) cada vez que alguém falava isso. Tudo bem. Eu até concordo que a Língua Portuguesa pende pro lado masculino em alguns aspectos. Mas idai? Alguém me explica? Eu to muito feliz com a minha língua-mãe.
Quero deixar claro: eu entendo que quando alguém diz "Bom dia a todos" eu estou incluída. Por outro lado, quando dizem "Bom dia a todos e a todas", eu me sinto tratada de forma especial, quase piedosa. Sinto que estão lidando comigo como se eu fizesse parte de uma minoria burra e complexada que não se entende no todo, que não se inclui na coletividade. Pra mim, essa moda forçada que tantos (e tantas) estão aderindo, não passa de uma nova forma de preconceito.
Mas o que eu achei o clímax da fala de um desses personagens foi citar como sugestão - dentro de um dos 8 ODMs - a criação de quotas para as mulheres serem mais ativas nos cenários de poder e decisões políticas...
E é a última coisa que eu lembro de ter prestado atenção. A partir disso, não ouvi mais nada de verdade. Porque se o próprio cara que apresentou os ODMs é tão discriminador, estamos todos (a raça humana, os objetivos, o desenvolvimento e o milênio) fatalmente perdidos (e perdidas)!

Um comentário:

Lia Araújo disse...

Nossaaaaaaaa!
A pessoa passa por cada coisa na vida, eim?
Como Assim?
IGUALDADE ENTRE SEXOS E VALORIZAÇÃO DA MULHER?
Ridículo propor uma coisa dessas em Pleno século XXI, depois de todos os movimentos feministas e conquistas, sem falar que essas pessoas devem nunca ter lido tratados sobre gênero ou Woman Studies... hoje, todas as pesquisas e reivindicações na área não propõe mais igualdade( somos diferentes... até biologicamente)essa coisa de igualdade está ultrapassada, o que se propõe e se quer é eqüidade!
EQUIDADE!
O que é muito diferente!
A ONU mais uma vez mostrando seu lado humanistaneoliberalcapitalistacivilizador!( tudo junto assim mesmo, o mais legal, é que os países sede e membros ilustres, são os mesmo que financiam as guerras atuais, será que as mortes das crianças desses países não se enquadram na " mortalidade infantil" , ou a política econômica capitalista não contribui com a miséria, ou mesmo, a péssima qualidade da educação? E sem falar no meio ambiente!)

Realmente, estamos todos ( e todas, para ser politicamente correta) perdidos!

Muito legal o que você escreveu, Deyse! É... respira, respira!


Bjos