...sei que ainda vou escrever pra desabafar. Ainda vou sentir vontade de fazer ligações que não farei, de dizer coisas que não direi, repetir momentos que não viverei. Até eu me acostumar a isso... terei raivas de nada e de tudo, revoltas inexplicáveis, palavras duras para distribuir. Até lá eu estarei à flor da pele, com rompantes e surtos só esperando para serem libertos, com lágrimas sempre a ponto de cair. Ainda tenho lágrimas que acabarão se derramando. É inevitável. Ainda vou me render à tristeza quando ouvir alguns nomes, ou quando eu ler romances.
Por vezes, ainda ficarei depressiva em dias frios, e ainda terei calafrios ao ouvir "I can't catch you". Aliás, todas as músicas daquela banda ainda me farão tremer. Ainda sentirei pontadinhas de dor no peito; sentirei as mudanças acontecendo aos poucos; as coisas velhas, tão boas e confortáveis, se tornando repulsivamente novas, matando em parcelas a Anna que eu já fui.
Por um tempo ainda terei um gosto amargo e desconfiarei da palavra com “A”. Ainda desconfiarei da beleza e do futuro desse sentimento, da permanência, e da existência.
Até que eu me acostume a isso... continuarei cheia de perguntas, de dúvidas. Ainda estarei cheia de planos frustrados, sonhos perdidos, desejos esmorecidos.
E ainda serei uma caixinha cheia de achismos melancólicos.
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